O segredo se baseia na Fita de Möbius...
A Matemática da Beleza e do Mistério


Imagine que você fosse uma formiguinha e que estivesse andando sobre uma fita dobrada, um pouco torcida, e com as duas extremidades coladas. Agora, você como uma formiguinha, poderia andar no lado externo e interno dessa fita sem precisar atravessar nenhum tipo de furo ou transpor sua borda. Você pode não ser uma formiguinha de verdade, mas a tal fita existe e é chamada faixa de Moebius.
A faixa de Moebius é um tipo especial de superfície onde não há lado de dentro ou de fora, ou seja, nela só há um lado e uma única borda que é uma curva fechada. A tal faixa foi descoberta pelo astrônomo e matemático alemão August Ferdinand Moebius (1790-1868).
Para construir a faixa é necessária uma faixa retangular de papel. Quando unimos as suas duas extremidades sem torcê-la formaremos um anel onde teremos um lado de dentro e de fora. Porém, se antes de unirmos as bodas, dermos uma pequena torção na faixa – meio giro ou 180º - teremos construído a faixa de Moebius. Observe como você deve unir as bordas da faixa retangular para formar a faixa de Moebius.
Na
 Matemática, a faixa de Moebius é um exemplo que chamamos de superfícies
 não-orientáveis e seu estudo deu origem a um ramo da Matemática que 
chamamos de Topologia. A Topologia estuda os espaços topológicos e é 
considerada uma extensão da geometria.
A faixa de Moebius inspirou o artista holandês Mauritus Cornelis Escher (1898-1972) em vários trabalhos que ficaram mundialmente conhecidos. A figura acima, com as formigas, é um dos seus trabalhos.
Alguns artistas ainda se inspiram no faixa de Moebius. Observe a poltrona abaixo desenhada pelo designer Roque Frizzo.
A faixa de Moebius inspirou o artista holandês Mauritus Cornelis Escher (1898-1972) em vários trabalhos que ficaram mundialmente conhecidos. A figura acima, com as formigas, é um dos seus trabalhos.
Alguns artistas ainda se inspiram no faixa de Moebius. Observe a poltrona abaixo desenhada pelo designer Roque Frizzo.
A.F. Möbius e J.B.Listing foram os 
precursores da Topologia, um ramo da Matemática iniciado em meados do 
século XIX como um desenvolvimento da Geometria e focado no estudo dos 
espaços topológicos, cujo interesse é compreender as propriedades de 
figuras geométricas que resistem a deformações de tal ordem que todas as
 suas propriedades métricas e projetivas são perdidas.
Encontrar a solução matemática para a forma assumida pela “Fita de Listing-Möbius”
 tornou-se, no século XX, um problema clássico entre especialistas. Para
 os que tiverem interesse em aprofundar o tema do ponto de vista 
técnico, sugiro duas referências: “Mathematics: “Around the Möbius Band” de John H.Maddocks e “The Shape of a Möbius Strip“,
 de E.L.Starostin e G.H.M.Van Der Heijden. Estes dois últimos autores 
derivaram um conjunto de equações diferenciais que provêem uma solução 
numérica para a predição da forma da Fita de Listing-Möbius.
Segundo Starostin e Van Der Heijden “É justo dizer que a Fita de Möbius é um dos poucos ícones da matemática que tem sido absorvidos em uma cultura mais ampla“.
 De fato, você a encontrará no mundo das Artes Plásticas, da Música, da 
Arquitetura, da Literatura, do Desenho de Moda, de jóias, de roupas e 
até da Psicanálise. Isso mesmo! A Fita de Möbius ganhou destaque no 
mundo da Psicanálise com o francês Jacques-Marie Émile Lacan 
(1901-1981), que a utilizou como modelo de representação de nossa 
psiquê.
Parece infinito…não é mesmo? Infinito? Mas não é que a “Fita de Listing-Möbius” nos remete mesmo ao infinito?
“Que não seja imortal, posto que é chama, 
mas que seja infinito enquanto dure”.
Vinícius de Moraes .
Möbius
 estudou este objeto em 1858 tendo em vista a obtenção de um prêmio da 
Academia de Paris sobre a teoria geométrica dos poliedros. Johann 
Benedict Listing já tinha trabalhado sobre o mesmo objecto uns meses 
antes. A importância do estudo deste objecto nesta época prendia-se com a
 noção de orientabilidade, que não era ainda bem compreendida. O facto 
de tanto Möbius como Listing terem estudado alguns anos antes com Carl 
Friedrich Gauss sugere que a gênese destas ideias poderá ter vindo deste
 matemático. 
Neste
 estudo, Möbius introduziu também a noção de triangulação no estudo de 
objectos geométricos do ponto de vista topológico. Möbius apenas 
publicou o seu trabalho em 1865, num artigo intitulado Über die 
Bestimmung des Inhaltes eines Polyëders.
Construindo a Fita de Listing-Möbius
A figura é obtida pela união das duas 
extremidades de uma fita, após efetuarmos uma meia volta em uma delas. 
Você mesmo pode construir uma.Vamos lá!
Pegue
 uma fita de papel, digamos de 3cm de largura x 30cm de 
comprimento. Agora, tente unir as duas extremidades da fita, tomando o 
cuidado de efetuar uma meia volta (um giro de 180 graus) em uma 
delas. Você deve ter percebido que se não tivesse dado a meia volta em 
uma das extremidades antes de uní-las você obteria um simples anel 
cilíndrico. O desenho ao lado pode auxiliá-lo. Procure se familiarizar 
um pouco com a figura obtida. Admire-a! Explore-a! Brinque com ela! 
Satisfaça a sua curiosidade!
Observando-a com atenção você perceberá 
que ela  não tem o que normalmente chamamos lado interior ou 
exterior. Incrível, mas é isso mesmo! Ela tem uma única superfície! Ao 
caminharmos sobre ela e voltarmos ao ponto original de partida nos 
encontraremos em uma posição que é uma imagem espelhada de onde 
estávamos. Trata-se de uma propriedade topológica, para usar um termo técnico da matemática, característica das chamadas superfícies não-orientáveis,
 ou seja, superfícies onde não é possível definir um “interior” e um 
“exterior”.  Nesse tipo de superfície, linhas perpendiculares (normais) 
ao plano por ela definido não têm a mesma direção em todos os seus 
pontos.
O enigma de US$ 1 milhão Edição 144 - Jul/03  | 
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O problema foi enunciado em 1904 pelo francês Jules 
Henri Poincaré (1854-1912), um estudioso da topologia algébrica, ramo da
 matemática que trata das propriedades geométricas que não mudam em um 
objeto caso ele seja deformado (veja quadro abaixo). Sua conjectura diz 
basicamente que "qualquer superfície simplesmente conexa pode ser 
deformada e virar uma esfera". Uma superfície simplesmente conexa não 
tem buracos. É o caso de uma esfera, mas não o de uma argola. 
Isso fica mais fácil de entender com um exemplo 
prático. Quando esticamos um pequeno elástico circular em volta de uma 
maçã (esfera), podemos movê-lo aos poucos, diminuindo sua 
circunferência, sem que ele desgrude da maçã, até que se torne um ponto.
 Contudo, o mesmo não pode ser feito se esticarmos o elástico ao redor 
de uma rosquinha, pois o buraco dela impediria que fizéssemos isso sem o
 elástico desgrudar da rosquinha. Isso pode ser fácil de mostrar 
lambuzando as mãos em rosquinhas. Mas até agora ninguém conseguiu uma 
prova matemática para a conjectura, nem contra nem a favor. 
Poincaré foi um estudiosos de várias áreas da ciência. 
Formou-se engenheiro e depois se tornou o que se considera o último 
universalista - dominou praticamente todas as áreas da matemática. 
Deixou contribuições também para a física, astronomia, filosofia e foi 
também um divulgador científico. Sua conjectura já foi estudada em todo o
 mundo e foram inúmeras as tentativas infrutíferas de prova, até o 
surgimento do trabalho de Perelman. E ele afirma que o palpite de 
Poincaré estava certo. Uma conjectura matemática é como um "palpite" 
ainda não provado verdadeiro ou falso. Se houver reconhecimento da 
prova, a conjectura passa a ser um teorema. 
O enigma de Poincaré já foi resolvido para superfícies 
de dimensões maiores e menores do que três. Mas ainda não foi resolvido 
para superfícies de dimensão três. "A conjectura merece toda essa 
atenção porque mexe com a nossa natureza", conta Rui Almeida, professor 
do Instituto de Matemática e Estatística da USP, que estuda o problema 
há 15 anos. "Vivemos no mundo tridimensional e quando trabalhamos com 
esse espaço 3D, podemos explicar a natureza do Universo." Daí vem o 
interesse também dos físicos pela prova dessa conjectura. Mas Poincaré 
já tinha acertado um outro palpite. "Isso vai tomar muito tempo", disse o
 francês quando bolou seu famoso problema.  
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"Uma 
                          fita sem pontas está cortada longitudinalmente. Ambas 
                          as partes estão um pouco separadas, de maneira que, em 
                          toda a extensão, há entre elas um espaço intermédio. 
                          Na verdade, a fita teria de desfazer-se em dois 
                          círculos isolados, mas consiste, no entanto, numa só 
                          tira. É formada por três peixes, abocanhando-se cada 
                          um deles na barbatana caudal do seguinte. Eles 
                          percorrem duas vezes a roda, antes de novamente 
                          alcançarem o seu ponto de partida." 
(Escher, 1994, p.12) 
Filme:  
Sinopse e detalhes
 
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Conhecendo mais um pouco...Escher - Um artista Singular
Maurits Cornelis Escher nasceu em 1898, em Leeuwaden, sendo o filho mais novo do Engenheiro hidráulico       G.A.Escher. 
Até
  princípios de 1944, quando Mesquita, juntamente com sua mulher e o  
filho, foi preso e assassinado pelos alemães nos campos de concentração,
  Escher manteve-se em contato com seu professor. 
Durante a sua estadia na Itália, no peíodo de 1922 a 1935, Escher desenvolveu suas primeiras xilogravuras das paisagens pitorescas da Itália. Casou-se com a jovem Jetta Umiker durante uma das viagens para sul da Itália, com quem teve três filhos. Em 1935, o clima político na Itália tornou-se impossível para Escher, desinteressado em questões políticos, mudaram-se para Chateaux-d'Oex, na Suíça. A estadia nesse lugar foi de apenas dois anos. 
Em
  1937, a família mudou-se para Ukkel, na Bélgica. Quando a guerra  
começou, tornou-se psicologicamente difícil viver na Bélgica para alguém
  de origem holandesa, pois muitos belgas tentaram fugir para o sul da  
França e entre os que ficavam crescia um surdo ressentimento contra os  
estrangeiroa que desgastavam os já decrescentes provisões alimentícios. 
 Em janeiro de 1941, Escher mudou-se para Beern, na Holanda. Foi lá onde
 o  artista teve o sossego de desenvolver seus trabalhos mais ricos da 
sua  carreira artística. Em 1962 submeteu a uma grave operação por causa
 de  uma doença, daí em diante produziu poucas obras. Em 1970, mudou-se 
para a  Casa-de-Rosa-Spier em Laren, uma casa onde os artistas idosos 
podiam  ter os seus próprios estúdios e serem cuidados, ali faleceu em 
27 de  março de 1972.  
Referências:  
http://www.adorocinema.com/filmes/filme-197303/ http://conceitoaronaldo.blogspot.com.br/2009/01/o-que-uma-fita-de-moebius.html?m=1 http://revistagalileu.globo.com/EditoraGlobo/componentes/article/edg_article_print/1,3916,560640-2680-1,00.html http://www.bancodedadosvisual.hpg.ig.com.br http://www.experimentum.org/blog/?tag=fita-de-mobius Vídeo Portugal  | 




Que fascinante. Obrigada pelas explicações.
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