A
BBC Brasil conversou e enviou questionamentos por e-mail a diretores de
três grandes institutos de pesquisas com atuação no Brasil (Ibope,
Datafolha e Ipsos) para entender como são feitos estes levantamentos.
Como é feita uma pesquisa?
Primeiro, os pesquisadores definem uma amostra que
seja representativa do grupo a ser pesquisado, usando dados públicos. O
objetivo é escolher um número limitado de pessoas, cujas
características sejam parecidas com a do grupo maior que se queira
pesquisar (que os estatísticos chamam de universo).
Para
que a pesquisa esteja correta, a amostra precisa corresponder ao
universo dentro de alguns critérios (escolaridade, idade, gênero, etc).
Esses critérios são chamados de variáveis. Por exemplo: os últimos dados do TSE mostram que 52,4%
dos 146,4 milhões de eleitores brasileiros são mulheres. Portanto, uma
amostra de 2.000 eleitores deverá ter 52,4% de mulheres (1.048
eleitoras).
"A
amostra deve ser uma reprodução do universo a ser representado, com as
mesmas proporções de segmentos sócio-econômicos", diz o diretor do
Datafolha, Mauro Paulino. E como escolher exatamente os locais do país
em que serão aplicados os questionários? "São sorteadas cidades de
pequeno, médio e grande porte nas mesorregiões (recortes dentro de cada
Estado) definidas pelo IBGE", explica Paulino. É que a proporção de
moradores de capitais ou de cidades do interior também é considerada na
formação da amostra.
As
variáveis levadas em conta mudam de instituto para instituto e de
acordo com o objetivo do levantamento. "Quanto mais as variáveis
escolhidas estiverem relacionadas com o objeto do levantamento, melhor
será a amostra", diz a diretora do Ibope Márcia Cavallari. No caso do
Ibope, as variáveis consideradas geralmente são as de gênero, faixa
etária, escolaridade e ramo no qual a pessoa trabalha (ou se é
desempregada).
Depois de calculada a amostra, é preciso fazer as entrevistas com as pessoas que preencham aqueles critérios.
Cada
instituto de pesquisa tem a própria forma de fazer isto: o Ibope
determina a área em que o entrevistador fará a pesquisa usando os
chamados "setores censitários" definidos pelo IBGE (isto é, a mesma
divisão do território usada no Censo brasileiro). A vantagem disto, diz
Cavallari, é poder saber exatamente onde cada entrevista ocorrerá - o
pesquisador é enviado a uma área contínua, situada em um único quadro
urbano ou rural.
"A
partir daí, o entrevistador vai percorrer esse território (o do setor
censitário) até preencher todas as entrevistas que estavam designadas
para ele", diz Cavallari.
Já
o Datafolha usa outra metodologia, baseada nos chamados "pontos de
fluxo": os pesquisadores são mandados a locais fixos, e entrevistam os
passantes.
Segundo
Mauro Paulino, o Instituto têm mapeados mais de 60 mil pontos deste
tipo, que são atualizados constantemente. "Todos os questionários são
aplicados com o uso de tablets, que permitem a geolocalização online do
entrevistador, gravação das entrevistas e checagem instantânea das
respostas, que são enviadas para a central de dados no mesmo instante em
que são colhidas", escreveu ele à BBC Brasil.
Por último, os dados são reunidos e tratados estatisticamente pelos institutos.
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